Desde que Regina Duarte pediu a rescisão de contrato para ser secretária de Cultura de Jair Bolsonaro, a Globo tenta insistentemente ‘apagar’ o vínculo de 50 anos com a artista.
Dois exemplos: ela não foi convidada para o evento dos 70 anos de telenovelas no Brasil, promovido pelo canal, e acabou escondida das campanhas de lançamento no Globoplay de novelas que protagonizou.
Na prática, essas tentativas de desvinculação são inócuas. Aliás, geram o efeito contrário: o flagrante de cada boicote é destacado na imprensa e reforça a importância da atriz na história da teledramaturgia global.
No ar no ‘Viva’, ‘História de Amor’, de 1995, traz Regina Duarte na pele de sua primeira Helena de Manoel Carlos. No menu do canal de reprises, a foto de referência da trama mostra o casal secundário (Joyce/Carla Marins e Caio/Ângelo Paes Leme) ao invés da personagem principal ao lado de seu par romântico, Carlos/José Mayer. Chega a ser mesquinho e manipulador.
Sucesso de audiência (média de 34 pontos na exibição original), ‘História de Amor’ poderá ganhar um remake com roteiro atualizado pela autora Lícia Manzo. Seria uma homenagem da Globo a Manoel Carlos, 90 anos, um craque dos folhetins do cotidiano.
Caso vingue, a nova versão terá, sem dúvida, a sombra de Regina Duarte. A atriz escolhida para reviver Helena terá o desafio de superar as inevitáveis comparações.
O mesmo ocorrerá com a intérprete a ser escalada para ser Raquel Acioly no remake de ‘Vale Tudo’, escrito por Manuela Dias e com estreia prevista para 2025, na comemoração dos 60 anos da Globo. O ‘fantasma’ de Regina também estará presente na nova versão da novela que fez história.
O melhor ao canal seria esquecer as diferenças ideológicas com a atriz e tratá-la com o respeito merecido. Até por gratidão, já que ela deu imensurável contribuição à TV da família Marinho ao longo das cinco décadas de parceria.
A poderosa Globo se apequena ao tentar – inutilmente – ignorar aquela que foi uma de suas maiores estrelas.
Jeff Benício