O influenciador Thiago dos Reis, de 36 anos, é uma das principais vozes a favor do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais. O youtuber acumula 1 bilhão de visualizações no YouTube e possui 1,5 milhão de inscritos em seu principal canal na plataforma, o “Plantão Brasil”, que dobrou de tamanho desde as eleições de 2022. O Estadão revelou nesta terça-feira, 11, o modus operandi do influenciador, usando notícias falsas e textos sensacionalistas.
O Estadão também já havia revelado, na segunda-feira, 10, que o Palácio do Planalto faz reuniões de pauta com o “gabinete da ousadia”, um grupo formado por integrantes da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, do PT nacional e das lideranças da sigla no Congresso, que acionam influenciadores governistas para definir temas a serem explorados nas redes. Thiago negou receber informação de dentro do Palácio do Planalto e afirmou que não ganha dinheiro do governo.
Nos últimos cinco anos, o youtuber publicou 9,8 mil conteúdos. Os vídeos costumam ter montagens sensacionalistas nas fotos de capa, fatos distorcidos e títulos falsos ou descontextualizados.
O youtuber, que tem a família Bolsonaro como um dos principais alvos, já afirmou, por exemplo, que o empresário Luciano Hang matou a própria mãe durante a pandemia de covid-19 (ela morreu após ser internada com a doença) e que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro comprou um sapato de R$ 20 mil com dinheiro público em Dubai.
Filiado ao PT desde 2017, o youtuber ensaiou disputar uma cadeira de deputado federal por São Paulo, em 2022, mas a candidatura não vingou. Na Justiça, ele é alvo de 15 processos ajuizados desde 2022 por adversários políticos, empresários e servidores públicos, que se dizem vítimas de calúnia e difamação e pedem, no total, R$ 447 mil em indenizações por danos morais.
A Justiça também tenta localizá-lo há dois anos para cumprir a prisão decretada em uma ação movida pelo próprio pai, que alega ter sido abandonado pelos filhos após ser declarado interditado por problemas psiquiátricos e de alcoolismo. Thiago não foi localizado pela Justiça. Nas redes sociais, ele afirma que passa uma temporada no México, para onde teria se mudado para escapar de “ameaças de bolsonaristas”.
Em sua declaração de bens na campanha eleitoral de 2022, ele afirmou ter o patrimônio de R$ 1,2 milhão, incluindo um apartamento fora do País. Três anos e meio antes, Thiago declarou à Receita Federal uma renda de R$ 2,5 mil por mês e nenhum bem em seu nome.
Além da conta principal do Plantão Brasil no YouTube, Thiago gerencia outros três canais na plataforma com mais 127 milhões de visualizações. O influenciador também atua no X (antigo Twitter), onde possui mais de 412 mil seguidores, além de outras redes sociais e plataformas, como Tik Tok, Instagram, WhatsApp e Telegram.
Procurado pelo Estadão, ele respondeu aos questionamentos por vídeo publicado em seu canal no YouTube na segunda-feira, 4. “Eu reclamo quase todo dia que não tem organização na esquerda. Eu não recebo nenhuma orientação. Eu até gostaria que o governo tivesse uma rede de influenciadores. Em um ano e meio, eu participei de duas reuniões com gente do governo, em que eles só falavam bem do governo e acabou”, disse o youtuber, que negou receber dinheiro e informações do Palácio do Planalto.