
“O que é o jornalismo de verdade?” Ou, mais precisamente, “Qual é a verdadeira natureza, a melhor e mais elevada expressão do jornalismo no século 21?” A pergunta é de Michael R. Francher, um jornalista estadunidense. Ele escreveu um artigo sobre o assunto em 2020. A guerra entre colegas o teria motivado.
Eu, Nelson Salles, 47 anos, estou trabalhando há mais de 25 anos ininterruptos com informação. Nos últimos cinco anos, passei a acreditar que o jornalismo precisa de uma nova filosofia e de um novo enquadramento ético, baseado na ideia de que a confiança do público vem por meio do engajamento desse público. E, aproveitando que estou por cá, vamos chamar isto de “jornalismo engajado”, mas a frase não é minha, é de Michael, o estaduniense de 2020.
Primeiro, sejamos claros quanto ao que queremos dizer com “jornalismo engajado”. Trata-se de como o jornalismo e o público podem estar conectados entre si, e como esta conexão afeta o jornalismo e a confiança do público. O problema é quando somos atacados por gente como nós.
A falácia ad hominem, conhece?
“A falácia ad hominem” é uma tentativa de desacreditar o argumento de alguém atacando-o profissionalmente e pessoalmente. Em vez de discutir o argumento em si, a crítica é direcionada ao caráter.
“Persuasivo, ilógico, inválido, argumento falido. Quem faz isto, já abandonou a lógica. O uso incorreto da linguagem de evidências só pode vir de uma mente enganada pelo próprio ‘ego’ de quem se imagina mais inteligente e mais eloquente. Logo pensa que é mais em tudo, que aquele a quem atacou e considera oponente.
A falácia ad hominem ataca o caráter da pessoa e não a sua ideia. Quem a pratica, também pode atacar a inteligência de alguém e não o seu argumento e ainda busca atacar de forma fria, calculista e sem pudor, a credibilidade como pessoa, como profissional, como semelhante. É realmente um golpe baixo, que poucos percebem, mas que é praticado por muitos profissionais que se enxergam acima da média, melhores que os colegas.
Alguns se acham melhores que tudo e todos e expõem suas ideias como fundamentadas na mais absoluta e incontestável verdade.
Continuando
O jornalismo passa a ter poucos propósitos se não for acreditado pela população e isso se consegue servindo ao público, trabalhando com informação baseada em fatos e com muita pesquisa e paciência.
Assim, o engajamento entre as pessoas e a confiança delas são inseparáveis na rede mundial de jornalismo digital, especialmente.
Jornalistas engajados devem se perguntar:
“Como nós podemos ajudar as pessoas a acreditarem umas nas outras?” O que fazer para que acreditem mais em nós, como pessoas, profissionais, seres humanos?
Além de representar os interesses públicos, o jornalismo engajado envolve as pessoas como verdadeiras parceiras, permitindo que o jornalismo se torne completo, mais preciso, mais crível e mais significativo.
O que importa é servir ao público e ser referência. O jornalismo engajado e que busca noticiar fatos não precisa diminuir outros veículos ou veículos de imprensa semelhantes e/ou profissionais, colegas, pessoas, instituições, para fazer sua opinião, informação, colocação, aparecer. Ele soma, ajuda, contribui, multiplica.
Os verdadeiros veículos de imprensa priorizam a escuta, a participação, a condução e a permissão de conversas que elevem o jornalismo e cheguem à verdade dos fatos, afinal, “engajamento é uma aproximação que pode e deve servir para melhorar nosso jornalismo.”
Outro fator preponderante no jornalismo é que “o engajamento acontece quando membros da população reagem às redações, e as redações, por sua vez, reagem à população.”
Os jornalistas não militantes sabem e até confirmam que, em tempos de incertezas, profissionais conscientes deveriam considerar três questões básicas:
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Missão – definição das características da profissão na qual eles estão engajados;
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Padrões – estabelecimento de “melhores práticas” em suas profissões;
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Identidade – sua integridade e seus valores pessoais.
E para finalizar:
A tal da falácia busca atacar pessoas, ao invés de argumentar, de mostrar o lado lógico da informação. Evitemos discussões, que não contribuem para a construção de bons argumentos e nem de válidos debates construtivos.
No século passado, os códigos de ética para jornalistas profissionais incluíam quatro ideias-chave:
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Buscar a verdade e noticiá-la.
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Minimizar os danos.
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Ser independente.
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Ser individual e socialmente responsável.
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