A sessão ordinária da Câmara Municipal de Cacoal ganhou densidade analítica com o discurso do vereador Amarilson Carvalho (PL), que utilizou a tribuna para tratar de temas estruturantes da vida pública: igualdade racial, transparência nos gastos governamentais, carga tributária, atendimento em saúde e políticas sociais voltadas à população em situação de rua.
O parlamentar iniciou sua fala destacando a importância do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, ressaltando que a criação do órgão responde à composição real do país, onde, segundo o IBGE, mais de 55% da população é formada por pessoas pardas e pretas. Para o vereador, o conselho tem potencial para orientar políticas sociais concretas e “ser de grande valia para o município”.
A seguir, Amarilson voltou a um de seus temas recorrentes: o controle e a lisura dos gastos públicos. Citou dados referentes a despesas federais vinculadas ao cartão corporativo, defendendo maior transparência em todas as esferas — municipal, estadual e federal. Segundo ele, “dinheiro público exige discernimento e prestação de contas”.
O vereador ampliou a crítica ao mencionar o peso da carga tributária brasileira, utilizando o IPVA como exemplo de cobrança contínua e, em sua avaliação, desproporcional. Relembrou ainda o episódio histórico de Tiradentes, comparando a tributação atual com a da época colonial, num paralelo para reforçar sua argumentação sobre excessos tributários.
Na área da saúde, Amarilson apresentou cálculos estatísticos sobre a população infantil de Cacoal, estimando uma média de 40 atendimentos pediátricos por dia na rede pública. Com base nesses números, questionou o tempo de espera considerado excessivo por parte dos usuários, defendendo que a gestão precisa compreender e corrigir distorções que geram filas prolongadas. Apesar de reconhecer limitações humanas e estruturais, afirmou que não se pode normalizar longos períodos sem atendimento.
O discurso também abordou a presença de pessoas em situação de rua, posicionando-se contra a prática de dar esmolas. O vereador argumentou que essa ajuda imediata “não retira ninguém das ruas” e sugeriu que a solidariedade seja canalizada para instituições como abrigos de crianças, adolescentes e animais — grupos que, segundo ele, não escolheram estar em vulnerabilidade.
Amarilson defendeu que pessoas adultas em plena capacidade laboral devem buscar alternativas de reinserção e não se acomodarem em semáforos ou vias públicas.