O diretor do Hospital de Urgência e Emergência de Rondônia em Cacoal (Heuro), coronel Anderson Costa, relatou em entrevista exclusiva um cenário que já se tornou rotina na unidade: a crescente chegada de pacientes com múltiplas fraturas, quadro associado principalmente à imprudência no trânsito em toda a macrorregião.
Segundo ele, o hospital é referência para 34 municípios, o que eleva significativamente a demanda e pressiona a estrutura da casa de saúde.
Anderson Costa ainda lembrou que parte dos atendimentos de alta complexidade deveria, em tese, ser absorvida por uma unidade de saúde municipal, mas o fluxo de pacientes se mantém concentrado no Heuro, impactando sobretudo a ortopedia e a neurologia.
“O aumento nos acidentes de trânsito é nítido. Nós percebemos, no dia a dia, que a imprudência continua sendo a principal causa. Mesmo com campanhas como o Maio Amarelo, não vemos redução consistente”, afirmou.
Anderson explicou que muitas das reclamações que chegam à imprensa e à sociedade não são consequência direta da atuação do Heuro, mas da própria limitação estrutural da rede.
Exames ortopédicos, procedimentos cirúrgicos e atendimentos específicos, quando não são realizados na unidade, dependem de referências como o Regional de Vilhena ou o Hospital de Base, ambos responsáveis por procedimentos de alta complexidade.
“A abordagem inicial é feita aqui, mas parte dos encaminhamentos segue para outras unidades do Estado. Infelizmente, é a nossa equipe que recebe a cobrança, embora esteja fazendo o máximo possível”, disse.
Segundo ele, o quadro se agravou nos últimos três anos, quando o hospital observou um crescimento contínuo de vítimas do trânsito. Anderson revelou que, em 2023, ao assumir a direção, encontrou 2.511 atendimentos relacionados a acidentes de trânsito.
Em 2024, o número saltou para 2.884, e até o momento, em 2025, o acumulado já chega a 1.260 ocorrências, confirmando a tendência de alta.
“Se continuarmos nesse ritmo, 2025 pode encerrar com índices ainda maiores. Isso mostra que não se trata de falha hospitalar, mas de um problema social, de conscientização e responsabilidade no trânsito”, alertou.
O diretor reforçou que o Heuro segue trabalhando para atender com dignidade todos os pacientes que chegam, apesar das limitações.
“Nós fazemos tudo o que é possível. A nossa missão é salvar vidas. Só pedimos que a população entenda o tamanho da demanda que enfrentamos e que a sociedade também faça a sua parte”, concluiu.