Rondônia, 16 de março de 2025
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Esquerda usa Oscar para forçar discurso contra ditadura e anistia ao 8/1 e desviar foco de crises

A premiação do filme foi usada em diversas publicações de políticos da esquerda para enfatizar sua “militância pela democracia” e “busca pela verdade”.

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Esquerda usa Oscar para retomar discurso sobre ditadura e oposição à anistia do 8/1 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O Oscar para o filme “Ainda estou aqui” tem sido considerado por integrantes da esquerda uma “reparação histórica pela ditadura militar”. A premiação do filme foi usada em diversas publicações de políticos da esquerda para enfatizar sua “militância pela democracia” e “busca pela verdade”, ao lembrar, em especial, a criação da Comissão Nacional da Verdade.

O prêmio para o filme brasileiro, do diretor Walter Salles, pode ser usado pela esquerda para tentar tirar o foco da crise do preço dos alimentos e da queda abrupta da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A premiação coincidiu com o mês de março, quando já ocorrem tradicionalmente embates ideológicos. O dia 31 de março é celebrado por parte da população, principalmente pelos militares, como o aniversário da Revolução de 1964. A data também é tradicionalmente escolhida por políticos e militantes de esquerda para criticar o período histórico da ditadura militar.

Neste ano, outra efeméride pode reforçar o cenário: em 15 de março completa-se 40 anos da redemocratização do Brasil. Essa foi a data da posse do presidente José Sarney em 1985. No dia seguinte, está prevista uma manifestação sem relação com a data, mas pela anistia aos presos de 8/1 com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro.

A reportagem apurou com fontes da cúpula do Exército que os militares esperam que Lula consiga conter eventuais cerimônias de 31 de março da esquerda e manifestações mais agressivas de seus aliados, como ocorreu nos dois últimos anos. Nenhuma ordem foi emitida ainda, mas os comandantes não devem permitir que nenhuma unidade militar no país celebre a data da revolução, para não aumentar o clima de tensão. Se ocorrerem manifestações, elas devem ser protagonizadas fora dos quartéis por militares da reserva que não têm acesso à cadeia de comando.

A efeméride é só no fim do mês, mas Lula não tem dado sinais de que pretende tomar ações para desescalar a polarização. Pelo contrário, ele e a primeira-dama Janja da Silva estariam tentando organizar um evento no Palácio do Planalto para receber e homenagear os atores e produtores do filme. Além disso, seus aliados não têm economizado palavras para exaltar o filme e o politizar.

Ao comemorar a vitória da produção no Oscar, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) falou sobre a criação da Comissão da Verdade que investigou crimes ocorridos entre 1946 e 1988 apenas do lado dos militares e não dos guerrilheiros esquerdistas. “É motivo de orgulho saber que a história de Rubens Paiva e de sua família — especialmente a busca incansável de Eunice Paiva pela verdade e pela justiça — pôde ser contada graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que criei durante meu governo para investigar os crimes da ditadura”, escreveu Dilma. Na mesma linha, a deputada e ex-ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos do Brasil, Maria do Rosário (PT-RS) também mencionou sua participação ao ajudar a instituir a Comissão.

O autor do livro que deu origem ao filme, Marcelo Rubens Paiva, também tem reforçado o discurso. Marcelo é filho do deputado Rubens Paiva. O caso da morte do deputado foi um dos investigados pela Comissão Nacional da Verdade, que confirmou o seu assassinato cerca de 40 anos após seu desaparecimento. 

As manifestações políticas em torno do filme também se relacionam com a busca por anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro. Para a esquerda, diante da “ditadura militar” retratada no filme, os presos durante as manifestações não deveriam ser anistiados. “Anistia é o c…”, repete o deputado André Janones (Avante-MG), por exemplo, em suas publicações nas redes sociais.

 

 

Por Aline Rechmann

 




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