Maradona não deixa de gerar polêmica nem depois de morto e enterrado. Vítima de parada cardiorrespiratória e edema agudo de pulmão em novembro de 2020, o maior ídolo do futebol argentino é acusado postumamente de crime sexual contra Mavys Álvavez, uma cubana com quem o craque teve um romance quando ela tinha 16 anos, entre 2000 e 2001.
Os dois se conheceram na época em que o jogador tratava sua dependência de drogas em Havana. Agora, após a morte dele, a mulher surgiu na mídia para dizer que viveu uma relação abusiva. Seus advogados argumentam que a então adolescente foi tratada como escrava sexual, apanhava, era obrigada a usar cocaína, se submeteu a uma cirurgia plástica nos seios contra sua vontade e teria sido mantida em cárcere privado durante uma viagem à Argentina.
Mavys diz ter sido desprezada pelo jogador ao se recusar a participar de orgias com outras mulheres. Afirma sofrer até hoje traumas emocionais causados pelo affair tumultuado. A história tem sido explorada diariamente em programas da televisão argentina. Alguns fazem cobertura estritamente jornalística, outros recorrem ao sensacionalismo para gerar mais audiência.
No ‘Intratables’, do canal America, um debate teve discussões acaloradas. O jornalista Diego Brancatelli questionou a razão de Mavys fazer a denúncia à Justiça somente agora, duas décadas depois. “Ela tinha medo de Fidel Castro e do próprio Maradona. Esperou os dois morrerem para falar”, explicou o advogado que a representa, Gastón Marano. Ditador de Cuba, Fidel era defensor ferrenho do ídolo da bola e o hospedou várias vezes em seu palácio.
“Se Diego estivesse vivo, acho que nada disso estaria acontecendo. Parece-me que ela esperou a morte dele para que sua versão não fosse contestada. O que teria acontecido se Diego tivesse deixado dinheiro para ela? Estaria tão moralmente ferida com o que diz ter acontecido?”, disparou o repórter. Ele sugeriu que Mavys assine um documento abrindo mão de qualquer indenização no processo a fim de provar que não tem interesse financeiro na herança deixada pelo atacante.
Bombardeado nas redes sociais, onde foi chamado de machista, Brancatelli se manifestou. “Não relativizo nem endosso qualquer tipo de abuso ou corrupção de menores. Repudio totalmente todos esses crimes. Está claro? Dito isso, Diego estava longe de ser um violador.” Na opinião do jornalista, Mavys se relacionou com Maradona de maneira consensual, com autorização dos pais dela, e aproveitou intensamente o conforto e o luxo proporcionados pelo atleta.
Na imprensa da Argentina, o caso virou uma novela. Todo dia há novo capítulo com mais detalhes do namoro secreto, da vida íntima da alegada vítima e da disputa judicial. Uma trama com final imprevisível.
Jeff Benício