MENU

Facções no Norte: A “Taxa do Crime” como nova estratégia de expansão

Compartilhar:
Facções no Norte: A “Taxa do Crime” como nova estratégia de expansão

A mensagem que circula em grupos de WhatsApp em Rondônia, com ameaças de morte a agiotas e a imposição de uma “taxa” de 10% sobre os valores movimentados, reflete uma prática que vem se espalhando em diferentes estados da Região Norte. No caso rondoniense, cidades como Vilhena, Rolim de Moura e Guajará-Mirim foram citadas. A exigência mira a agiotagem — atividade ilegal que se tornou alvo fácil para facções em busca de novas fontes de receita. Práticas Semelhantes no Acre No Acre, facções como o Comando Vermelho (CV) e o Bonde dos 13 já haviam adotado a estratégia de “taxar” negócios ilícitos. Relatos de investigações da Polícia Civil indicam que desde 2021 comerciantes suspeitos de lavagem de dinheiro e traficantes de bairro passaram a ser cobrados por meio de ameaças e execuções. Esse tipo de “pedágio criminal” se consolidou como uma forma de arrecadação paralela às atividades tradicionais do narcotráfico. O Cenário no Amazonas No Amazonas, especialmente em Manaus e cidades do interior cortadas pelo rio Solimões, já foram registrados casos semelhantes. Facções ligadas tanto ao tráfico de drogas quanto ao contrabando de madeira e ouro ilegal estabeleceram cobranças sobre atravessadores e pequenos operadores dessas cadeias ilegais. A lógica é a mesma: quem não paga, “sai do mercado” pela via da violência. Expansão ou Fenômeno Isolado? Os exemplos no Acre e no Amazonas mostram que a prática de impor “taxas” não é isolada. Trata-se de uma estratégia de diversificação econômica das facções, que deixam de depender exclusivamente do tráfico de drogas para explorar outras áreas da economia subterrânea. Rondônia, por estar em rota de fronteira e ter forte movimentação financeira ligada a atividades formais e informais, torna-se terreno fértil para esse tipo de investida criminosa.

O avanço dessa modalidade de extorsão revela que o crime organizado está se reconfigurando no Norte do Brasil. O “imposto do crime” fragiliza ainda mais comunidades já marcadas pela ausência do Estado, reforça a intimidação social e amplia o poder paralelo das facções. Especialistas apontam que, se não houver ação coordenada entre os estados e o governo federal, a tendência é de que a prática se normalize em toda a região amazônica. Da Redação O Minuto Notícia - Informação é Poder!