A CPI da Covid segue com as oitivas de autoridades para apurar a atuação do Governo Federal no enfrentamento à pandemia. Nesta quarta-feira (12/05) a Comissão ouviu o ex-ministro da Comunicação, Fábio Wajngarten, para buscar esclarecimentos sobre o processo de aquisição das vacinas contra a Covid-19.
Wajngarten negou que o Governo tenha boicotado o plano de vacinação, ou atrasado deliberadamente o processo de aquisição. Segundo explicou o ex-ministro, as condições iniciais exigidas pela Pfizer violavam a Legislação brasileira, e por essa razão houve um atraso do Governo brasileiro no processo de compra, já que a assinatura do contrato só poderia ser feita após a alteração da Legislação Brasileira.
Diante das respostas o relator da CPI, o senador Renan Calheiros, e o presidente Omar Aziz, acusaram Fábio Wajngarten de tergiversar e mentir à CPI, ameaçando-o de prisão em flagrante. Para o senador Marcos Rogério, que é vice-líder do Governo, a ameaça configurou uma clara mostra de abuso de autoridade.
“Estamos diante de um clássico caso de abuso de autoridade. Pelo visto, só é bom o depoimento quando responde ao que o relator quer ouvir. Se não confirma o que ele quer, então o depoimento não é bom. Não serve”, apontou Marcos Rogério.
Ainda segundo o Governista, essa não é a primeira vez em que o relator tenta constranger testemunhas e extrair respostas alheias ao objeto de investigação. “O depoente que aparece em CPI responde sobre fatos, na medida do seu conhecimento. Ninguém é convocado para ser comentarista de posições ou comportamentos alheios”, criticou.
Convocação de autoridades estaduais
Marcos Rogério também criticou a condução dos trabalhos na CPI, ao focar a atuação apenas no Governo Federal, sobretudo nas falas do presidente Bolsonaro sobre a cloroquina.
O parlamentar lembrou que até outubro de 2020 foram realizadas 51 operações da Polícia Federal abrangendo 18 estados brasileiros, com investigação em prefeituras e governos estaduais. “Isso representa, apenas nessas investigações, uma movimentação de cerca de R$ 2 bilhões em recursos públicos destinados ao combate à Covid. Há suspeita de superfaturamento na aquisição de insumos, fraudes nas compras de respiradores, superfaturamento em contratos para compra de máscaras. Portanto, a convocação de autoridades estaduais e municipais é medida urgente”, frisou o senador.