Rondônia, 7 de setembro de 2024
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Marielle era ‘pedra no caminho’ de irmãos Brazão, diz Ronnie Lessa em delação

Ex-policial afirmou que vereadora ‘atrapalharia’ e ‘teria de sair do caminho’ para que venda de loteamentos irregulares fosse concluída pelos irmãos Brazão

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Domingos Brazão é inocente e não conhecia Marielle, diz advogado

O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes em março de 2018, afirmou à Polícia Federal em delação premiada que Marielle era uma “pedra no caminho” dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, suspeitos de serem os mandantes da morte da vereadora. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes retirou o sigilo da colaboração de Lessa nesta sexta-feira (7). “Foi feita a proposta, a Marielle foi colocada como uma pedra no caminho. O Domingos, por exemplo, não tem ‘papas na língua’”, afirmou Lessa aos investigadores.

A delação premiada do ex-policial foi homologada pelo STF em março deste ano. Lessa e os irmãos Brazão se encontraram para tratar do crime, segundo Lessa, três vezes, em reuniões que duravam cerca de uma hora. “O Domingos falava mais e o Chiquinho concorda. É uma dupla, um fala mais e o outro só concorda”, destacou. Os irmãos estão presos desde março por suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora. Chiquinho é deputado federal — até então filiado ao União Brasil, mas foi expulso do partido dias depois da prisão. Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.

“O que deu pra entender é o seguinte: a Marielle vai atrapalhar e nós vamos seguir isso aí, e, pra isso, ela tem que sair do caminho”, destacou Lessa. Marielle e Chiquinho Brazão, que à época do crime também era vereador, discordavam em relação a um projeto de lei que regularia terrenos em áreas de milícias. A intenção dos irmãos era lucrar com a venda de dois loteamentos. Uma parcela seria de Chiquinho e Domingos e a outra metade seria de Lessa, como pagamento pelo crime.

“O que eu posso dizer é que eu ouvi da boca do próprio Domingos e acordado com o próprio irmão […] ele deixou bem claro que o loteamento ia seguir. Era muito dinheiro envolvido, na época ele falou em R$ 100 milhões, R$ 150 milhões. Realmente, as contas batem: R$ 100 milhões o lucro dos dois loteamentos, são quinhentos lotes de cada lado, é uma coisa grande, são ruas, na verdade, é um mini bairro, é uma coisa gigantesca. Então a gente tá falando de muita grana”, afirmou o ex-PM aos investigadores. Se Lessa receberia metade dos loteamentos, o lucro do suspeito ficaria na casa de R$ 50 milhões.

“A questão é, a princípio, terrenos, a questão que ela [Marielle] disse que combateria seriam terrenos em loteamentos ilegais, e de alguma forma ele [Domingos] deixou transparecer que, principalmente, se fosse os deles”, completou.

 

 

Ana Isabel Mansur e Gabriela Coelho, do R7 em Brasília



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