O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu demissão nesta tarde (23) ao presidente Jair Bolsonaro. O ato de exoneração já foi publicado no Diário Oficial da União. Foi nomeado para o cargo Joaquim Álvaro Pereira Leite, que até então atuava como secretário da Amazônia e Serviços Ambientais e secretário de Florestas e Desenvolvimento Sustentável.
Segundo fontes ligadas ao Planalto, Salles estava muito cansado e teve uma longa conversa com o presidente, na qual pediu para deixar o cargo. Ele teria afirmado a Bolsonaro que seu período de contribuição havia acabado.
Alvo de duas investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), Salles estava sob pressão e alegou motivos familiares para deixar o cargo, apesar do respaldo do Palácio do Planalto.
Em um dos casos, Salles foi alvo de busca e apreensão e teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados no âmbito da Operação Akuanduba, aberta em maio para investigar supostos crimes contra a administração pública – corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando – envolvendo agentes públicos e empresários do ramo madeireiro. A investigação apura se Salles atuou para afrouxar o controle do Ibama sobre a exportação de madeira.
Em relação a este caso, a ministra Cármen Lúcia, do STF, determinou, no último dia 16, a suspensão de todos os processos na Justiça Federal do Pará e do Amazonas relativos à operação Handroanthus, que investiga a comercialização de madeira extraída ilegalmente na Amazônia. A decisão foi tomada depois que a Polícia Federal pediu que o inquérito sobre a maior apreensão de madeira ilegal se concentre no STF, tramitando em conjunto com a apuração que envolve Ricardo Salles.
Em outra investigação, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou, em maio, a reabertura do inquérito sobre a declaração de Salles, durante uma reunião ministerial, sobre “passar a boiada”, em eventual flexibilização de normas de proteção ambiental, gravada em vídeo em 21 de abril de 2020.