Existe uma compreensão unânime relacionada a candidatos à reeleição disputando permanência em cargos voltados ao Executivo. Eles, prefeitos, governadores ou presidentes, sempre, salvo raríssimas exceções, largam com vantagem.
Isto, em decorrência do óbvio: a máquina nas mãos, a estrutura governamental que já gerenciam, as propagandas institucionais pululando em rádios, televisões e redes sociais. Enfim, há critérios práticos, palpáveis, reais que os colocam num cenário prévio de liderança em quaisquer contendas eletivas.
Na história recente rondoniense exemplos de regra e exceção não faltam: Valdir Raupp foi eleito governador, mas administrou mal o Estado, atrasou salários, e acabou abalroado por José Bianco.
Bianco, o “pai” das demissões em massa, supostamente para consertar os passos trôpegos do antecessor, restou “tratorado” por Ivo Cassol; Cassol, que reintegrou os exonerados, foi reeleito.
Confúcio Moura, do MDB, idem, e agora Marcos Rocha, do União Brasil, surge na liderança da primeira pesquisa com possibilidades de conservar a corrente de reconduções intactas nos últimos 19 anos.
Lado outro, as pesquisas, cada vez mais, estão caindo em descrédito junto à população e não exclusivamente em decorrência dos atritos ideológicos, mas especialmente pelas “derrapadas” do Ibope – teoricamente o instituto mais respeitado –, regionalmente falando.
A rodada inaugural do cotejando popular foi contratada pela Rede Record e realizada pelo Real Time Big Data. De fato, não serve para bater o malhete. Não há fatura fechada, certamente. Mas pode conduzir as peças do tabuleiro a um novo norte caso estas compreendam tal necessidade.
VEJA
Pesquisa: Marcos Rocha tem 32% das intenções de voto para o Governo de Rondônia; Rogério 18%; e Léo Moraes 10%
Rocha tem 32% e está 14% à frente de Marcos Rogério (18%), senador do PL, também bolsonarista. Léo Moraes, o terceiro lugar, que também “arrasta asa” para um lado mais governista, a despeito de mais contido, ficou em terceiro com 10%. No último caso, Moraes, com atuação híbrida, poderia se deslocar pelos polos sem comprometer sua envergadura política, servindo adiante como peça-chave a fim de alterar o panomara no futuro.
Vinícius Miguel, hoje no PSB de Mauro Nazif, foi lançado como quarto colocado, com 7%, empatado na margem de erro com Léo Moraes. Com baixa rejeição, Miguel tem identidade fixada: é progressita, de esquerda, oposição. Além disso, vem com histórico de boas votações: em 2018, o mais referendado pela Capital; em 2020, em terceiro lugar no panorama geral na disputa travada com outros 14 postulantes.
Enfim, uma dobradinha entre esses dois últimos, apesar de por ora ser impensável, teria, sim, projeção suficiente para bater de frente com os arquétipos da direita, que, por sua vez, também estão “brigando” pelas rédeas do Palácio Rio Madeira: Marcos Rocha para mantê-la; Rogério na intenção de assumi-la.
Diferentemente de 2018, a questão atual não orbita exclusivamente sobre o tema canhotos e destros.
Ela permeia uma batalha interna em que pessoas do mesmo espectro se digladiam pela respectiva fatia do eleitorado antes de ir à apreciação do povo de modo geral.
E essa fome pelo poder em que se ignora a possibilidade de se estender a mão a potenciais aliados de repente configure erro crasso aos que visam destronar a posição.
Reitere-se: a vantagem está com Rocha pelos motivos já expostos, porém determinadas mudanças de postura podem mexer com o horizonte daqui a outubro.
DADOS
A pesquisa citada nesta opinião foi realizada no dia 11 de junho com 1.500 eleitores de Rondônia. A margem de erro é de 3 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código RO-00114/2022.
Por Rondoniadinamica