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Povos indígenas denunciam invisibilidade política, racismo ambiental e ameaças territoriais no COP30

Exposição das contradições profundas entre discursos oficiais e a realidade amazônica; sem a participação efetiva dos povos originários.

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Povos indígenas denunciam invisibilidade política, racismo ambiental e ameaças territoriais no COP30

A realização da COP30 em Belém (PA), eleva a Amazônia ao centro das discussões climáticas globais, fazendo da floresta não apenas o cenário, mas o alerta vivo de um planeta que se aproxima perigosamente do ponto de não retorno.

O encontro internacional, contudo, escancara um paradoxo: “enquanto líderes discursam em ambientes climatizados, povos indígenas enfrentam diariamente o impacto brutal da desigualdade, da omissão estatal e da corrida por recursos naturais”.

As críticas surgem com força. Para movimentos indígenas e socioambientais, o governo do Pará tenta maquiar falhas estruturais sob a gestão de políticas públicas incapazes de alcançar quem vive nas margens do desenvolvimento.

O racismo ambiental se manifesta na prática — na ausência de saneamento, na violência territorial, na negligência histórica. O contraste entre o palco diplomático e a vida real se torna gritante.

Em resposta, povos indígenas se posicionam com firmeza. A mensagem é clara: a exploração desenfreada da terra e a mercantilização da floresta ameaçam não apenas modos de vida tradicionais, mas a própria sobrevivência humana.

Ar puro, água limpa e equilíbrio ambiental deixaram de ser demandas simbólicas; tornaram-se exigências de sobrevivência global, respaldadas tanto pela sabedoria ancestral quanto pelo consenso científico contemporâneo.

As manifestações ocorridas durante a COP30, longe de qualquer definição reducionista de “baderna”, representam atos legítimos de resistência. São o grito de quem, historicamente silenciado, exige protagonismo nas decisões políticas que afetam seus territórios. Criminalizar guardiões do futuro não apenas enfraquece o debate democrático, como revela a incapacidade de determinados setores de encarar a gravidade da crise ambiental.

Entre as pautas centrais, lideranças indígenas reivindicam:
• agilidade nas demarcações;
• veto a projetos que ameaçam territórios;
• participação real nas mesas de decisão;
• financiamento direto para ações ambientais administradas pelas próprias comunidades;
• rejeição definitiva ao Marco Temporal.

Ao mesmo tempo, denunciam iniciativas governamentais consideradas ameaçadoras, como o decreto 12.600/25, o projeto de exploração petrolífera na foz do Amazonas, a privatização de rios e a Ferrogrão — empreendimentos que, segundo as lideranças, aprofundam conflitos e fragilizam ainda mais a floresta.

No fim, a COP30 expõe não apenas a crise climática, mas um dilema moral: não se pode falar em sustentabilidade enquanto os primeiros povos da terra continuam fora do centro das decisões.

O ativismo indígena emerge, então, como símbolo de esperança e como chamado irrevogável a um futuro justo, equilibrado e verdadeiramente compartilhado.



Nelson Salim Salles da Redação O Minuto Notícia – Informação é Poder!