Ronaldo dos Santos Lira foi condenado a 34 anos de reclusão e 1 ano de detenção por estuprar, matar e enterrar o corpo da adolescente Laryssa Victória no próprio quintal em Ouro Preto do Oeste (RO). Ele começou a ser julgado na manhã da quinta-feira (19) e o júri se estendeu por cerca de 16 horas.
O réu foi condenado por:
- feminicídio com tortura e por meio que dificultou a defesa da vítima,
- ocultação de cadáver,
- estupro e
- fraude processual.
“O réu atuou sem qualquer piedade, agindo com intenso e duradouro dolo, com extrema frieza e brutalidade com a vida humana, inclusive com informações dos autos de que o réu ‘queria ver o sangue jorrar’. Claramente o réu tinha plena consciência da reprovabilidade do seu comportamento”, consta na sentença.
Segundo provas anexadas aos autos, Ronaldo deu mais de 30 facadas em Laryssa e assistiu ela sangrar lentamente até a morte. Depois disso, ele chegou a dormir e se alimentar do lado do corpo da adolescente.
O júri aconteceu na 1ª Vara Criminal da Comarca de Ji-Paraná, composto por sete jurados. Inicialmente o julgamento deveria acontecer em Ouro Preto do Oeste (RO), onde Laryssa foi morta. No entanto, a defesa do réu pediu desaforamento (mudança de comarca).
Ronaldo estava preso preventivamente a mais de um ano e deve cumprir a pena em regime inicial fechado em Ouro Preto do Oeste.
Depoimentos
O pai de Laryssa foi o primeiro a sentar na cadeira de testemunhas. Muito abalado e chorando, ele contou que descobriu que a filha estava morta por meio de ligação.
“Tá em casa Carlão? Tenho uma má notícia pra te dar, acharam ela. Ela tá morta”.
Laryssa Victória, de 17 anos, é encontrada morta e enterrada em quintal da casa de suspeito, em Ouro Preto, em RO
O delegado responsável pela investigação do caso, Niki Locatelli, também prestou depoimento. Ele contou que a faca utilizada para matar Laryssa foi encontrada no fundo de uma fossa. Os agentes utilizaram um imã em uma corda para conseguir recuperar o objeto.
O delegado também falou sobre a confissão de Ronaldo à polícia e o comportamento do réu.
“Mas a todo tempo, eu tenho que deixar claro, ele tinha consciência da ilicitude. Ele tinha consciência plena, ele falou isso no interrogatório, que sabia que o que estava fazendo era errado. Disse inclusive, que não se arrepende”, relatou.
Um outro agente que participou da investigação foi ouvido em seguida. Depois dele, outra testemunha foi chamada para prestar depoimento e neste momento Ronaldo foi retirado da sala porque a testemunha disse se sentir incomodado com a presença do réu.
O réu confessou ter matado Laryssa Victória. Ele disse que se arrepende do que fez e que destruiu a vida da família da vítima.
Ronaldo disse que quando saiu de casa, já planejava matar e que poderia ser qualquer pessoa o alvo. Ele alega que era guiado por um “anjo” durante todo o tempo.
Ao menos cinco testemunhas de acusação foram ouvidas durante o dia e não foi apresentada testemunha de defesa.
A defesa do réu afirmou que achou o julgamento justo, mas que deve conversar com o réu e com a família para saber se desejam recorrer da decisão.
Por Juliana Santos e Jaine Quele Cruz, Rede Amazônica e g1 RO