Rondônia, 7 de maio de 2024
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Última música do sertanejo João Carreiro foi homenagem após morte do avô

O cantor morreu aos 41 anos após sofrer uma complicação durante uma cirurgia para adicionar uma válvula no coração

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João Carreiro nasceu em 1982 em Cuiabá, no Mato Grosso, e alcançou sucesso ao lado de Capataz nos anos 2000.

O cantor sertanejo João Carreiro morreu nesta quarta-feira (3), aos 41 anos em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O artista sofreu uma complicação durante uma cirurgia para adicionar uma válvula no coração.

Conhecido por ter formado dupla ao lado de Capataz nos anos 2000, ele continuava investindo em uma carreira solo e realizando shows ao redor do Brasil. A última apresentação foi em Pedra Preta, município em Mato Grosso, estado onde nasceu, na virada do ano.

O artista teve grande importância ao popularizar o estilo “sertanejo bruto” ao lado de Capataz. Seu último lançamento, feito em dezembro mantendo o estilo “moda de viola” com a voz grossa, teve uma triste coincidência: João a compôs como homenagem após a morte do avô, Euripedes Correa, a quem chamava de sua “maior inspiração”.

Depois da repercussão da morte do sertanejo, fãs do gênero passaram a publicar trechos da letra nas redes sociais. “Toda e qualquer homenagem / A ele é merecido / Minha vó disse – ‘Meu neto’ -, baixinho no meu ouvido / ‘Por mais que seja difícil, nesse momento doído / O que mais o seu avô amava era um dueto / Sentido'”, canta o músico em um trecho.

Veja a letra completa:

“Meu telefone tocou

E na bina apareceu

Era meu pai me ligando meu peito estremeceu

Quando recebi a notícia

Que meu avô faleceu

Meu pai me disse: ‘Meu filho

Infelizmente não deu

Nosso caboquim danado

Grande companheiro amado

Agora foi morar com Deus’

Comprei a primeira passagem

E montei no avião

Com aquele luto no peito

Rasgando meu coração

Fui refletindo sozinho

Que ele deixou de lição

O carinho e o respeito

Que tinha com qualquer cidadão

Não era porque era meu avô

Mais foi caboclo de valor

Minha grande inspiração

Quando chegou no velório

Comprovou o que eu já sabia

Veio novo, rico e pobre

Tudo ali se reunia

Pra velar o caboclinho

No seu derradeiro dia

Por mais que fosse um velório, me enchi de alegria

Pois todos que se aproximam

Com carinho elogiavam

Do jeito que vovô vivia

Toda e qualquer homenagem

A ele é merecido

Minha vó disse – ‘Meu neto’ -, baixinho no meu ouvido

‘Por mais que seja difícil, nesse momento doído

O que mais o seu avô amava era um dueto

Sentido’

Quase que fiquei sem fala, mais saudade de Araraquara

A família toda contou comigo

Meu avô Euripedes Correa

Minha grande inspiração

Tenha certeza, vovô, que, aonde seu neto for,

Te leva no coração.”

 

Quem foi João Carreiro?

A dupla se separou em 2014 após João enfrentar problemas de saúde mental.

João Carreiro nasceu em 1982 em Cuiabá, no Mato Grosso, e alcançou sucesso ao lado de Capataz nos anos 2000. Os dois foram responsáveis por popularizar o “sertanejo bruto”, estilo que rejeita o “sertanejo urbanizado” e celebra as origens do gênero.

Os “brutos” se orgulham de suas origens, cantam com uma voz grossa e um sotaque arrastado, além de exaltarem o “modão”. Uma das maiores referências para o estilo e para a dupla foi Tião Carreiro, que morreu em 1993.

João Carreiro e Capataz alcançaram sucesso com a música Bruto, Rústico e Sistemático, uma das maiores representantes do gênero, de 2009. A canção chegou a ser trilha sonora da novela Paraíso, da Rede Globo, mas recebeu críticas por trechos apontados como homofóbicos e machistas.

Em 2012, os dois negaram que a música tivesse esse teor ao Jornal da Tarde. “Não tem nada a ver. Criamos uma personagem para a música, que é um caboclo que acha errado homem com homem e mulher com mulher, do mesmo jeito que não aprova tatuagem e deu um ‘corretivo’ na esposa”, disse João Carreiro. “Olha só, nós temos tatuagem e quem manda nas nossas casas são nossas esposas”, completou Capataz.

A dupla se separou em 2014 após João enfrentar problemas de saúde mental. O ex-companheiro de dupla lamentou a morte nas redes sociais. “Ninguém, além de nós, saberá o que vivemos”, escreveu.



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