Os dois presos que fugiram da penitenciária federal de Mossoró (RN) na madrugada de quarta-feira (14) escaparam pela luminária que ficava em uma parede lateral da cela. Veja abaixo a imagem do buraco feito por Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 33, para escapar da prisão de segurança máxima.
Após atravessar a abertura, os fugitivos escalaram o shaft — vão interno para passagem de tubulações e instalações elétricas — até o teto, onde quebraram uma grade metálica e chegaram ao telhado da prisão.
Os detentos tiveram acesso a ferramentas usadas na reforma pela qual a unidade passa. Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, uma “série de fatores” levaram à fuga, como falhas de construção da estrutura prisional e falta de funcionamento de câmeras e lâmpadas.
“Em vez de a luminária e o entorno estarem protegidos por laje de concreto, estava fechada por um simples trabalho comum de alvenaria. Outro problema diz respeito à técnica construtiva e ao projeto. Quando os fugitivos saíram pela luminária, entraram naquilo que se chama de shaft, onde se faz a manutenção do presídio, com máquinas, tubulações e fiação”, explicou o ministro em entrevista na quinta (15).
Os fugitivos teriam conseguido alcançar, por meio do shaft, o teto do sistema prisional, onde também não havia nenhuma laje, grade ou sistema de proteção. “É uma questão de projeto. Quem fez deveria ter imaginado que a proteção deveria ter sido mais eficiente”, avaliou o ministro.
Para Lewandowski, o fato de a ação dos criminosos ter ocorrido na madrugada da terça de Carnaval para a Quarta de Cinzas pode ter facilitado a operação, porque as “pessoas costumam estar mais relaxadas” nesse período.
Após ultrapassaram os obstáculos, os criminosos encontraram ferramentas utilizadas na reforma do presídio. Em seguida, Deibson e Rogério se depararam com um tapume de metal que protegia o local reformado e fizeram uma brecha na estrutura. Depois, com alicates usados na obra, cortaram as grades que os separavam do mundo exterior.
“É verdade que outro fator contribuiu para que esse evento ocorresse. Algumas câmeras não estavam funcionando adequadamente, assim como algumas lâmpadas que poderiam, eventualmente, detectar fugas. De quem é essa responsabilidade e por que ocorreu será objeto de investigação”, completou o ministro. Além do inquérito investigativo conduzido pela Polícia Federal, foi aberta uma sindicância administrativa, para apurar eventual participação de servidores.
Cerca de 300 agentes atuam nas buscas pelos dois presos. São 100 policiais federais, 100 policiais rodoviários federais e 100 policiais do Rio Grande do Norte, entre militares e civis. Três helicópteros são usados na ação de recaptura, além de drones. As aeronaves são da PF (Polícia Federal), da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e do governo do estado. Segundo Lewandowski, as autoridades acreditam que Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento estão a cerca de 15 km da prisão de segurança máxima de onde escaparam.
“Imaginamos nós que os detentos estão localizados num perímetro de cerca de 15 km de distância do presídio até o centro da cidade. É um local de matas, zona rural. Imaginamos isso porque, pelas videocâmaras, não identificamos nenhum veículo que os tenha buscado quando transpuseram a grade do presídio. Também não temos notícia de furto ou roubo de veículos na região”, destacou o ministro, ao ressaltar que essa é uma hipótese.
Lewandowski afirmou que uma casa rural da região foi invadida. “Houve furto de roupas e comidas. Certamente pode estar relacionado aos dois fugitivos, que tentam sobreviver nesta área onde se encontram”, completou.